Em 1826, Francisco Ferreira Maciel Laia, que se havia embrenhado pela densa mataria às margens do Rio Casca, arriscando a sua vida ante mil perigos que ele dominou e abateu, localizou-se às margens do ribeirão da Fidelidade, apossando-se de enorme extensão territorial onde hoje se assenta a importante fazenda que conserva o seu primitivo nome.
Em 1813, Laia teve que partir para as guerras da Regência visto Ter sido para isto notificado, de ordem do capitão da Guarda Nacional, pelo cabo José Brum. Entrando em batalha. Laia trouxe a certidão desse feito em sua fada crivada de balas.
Em 1836, Laia vendeu ao Furriel Ângelo Vieira de Souza o direito de posse e propriedade que havia adquirido por concessão aos colonos e soldados dos quartéis apelidados – MONTANHAS.
Em 1842, o Furriel Ângelo comprou a Silveira Barbosa, representado pelo seu procurador Francisco Laia, a posse do córrego das Duas Barras e doou 40 alqueires para patrimônio. Existia no logar uma pequena abertura ou roçado. O venerando ancião mandou fazer derrubadas, descortinando uma grande área à margem esquerda do rio Casca. Ai construiu, com seus próprios esforços e com auxilio dos discípulos do mesmo Laia, uma capela cercada de esteiras de taquara e coberta de palhas dos arrozais.
Fez também, por esta ocasião, um cemitério.
A capela sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição da Fidelidade do Casca, e o cemitério foram sagrados pelo Padre Joaquim Antônio, sobrinho do velho barão do Pontal e que aqui celebrou a primeira missa.
Em 1842, iniciaram-se também as primeiras edificações, algumas delas tão sólidas e bem arquitetada que ainda se conservam, dando agradável aspectos às ruas em que foram colocadas.
O gênio do Furriel Ângelo ideou, com admirável perfeição, o plano de construção da cidade. Ele próprio vinha escolher os lugares para as novas casas, traçando com a sua bengala o alinhamento das ruas. Dotado de admirável senso estético, o benemérito cidadão organizou depressa um povoado com ruas retilíneas e com praças simetricamente dispostas, delineando assim a traça da futura cidade de Rio Casca.
O povoado de Nossa Senhora da Conceição do Casca progredia rapidamente. Tempos depois, passou a denominar-se Bicudo (devido a grandeza do órgão nasal do Furriel Ângelo e dos seus descendentes) nome este que conservou até a criação do município com a denominação de Rio Casca.
A criação do antigo distrito
A lei provincial n. 867, de 14 de maio de 1858, criou o distrito de Bicudo.
· Enumeramos aqui os principais homens que colaboraram na formação de Bicudos, alguns deles contemporâneos do Furriel Ângelo e outros que viveram em épocas posteriores, mas, todos eles credores da estima publica pelo muito que fizeram pelo lugar. São eles: Coronel José Vieira de Souza, João José Cupertino Teixeira, Dr. José de Oliveira Pinto Mosqueira, Dr. Manoel Vieira de Souza, Joaquim Vieira Rabello, Felisberto Vieira Rabello, Francisco Pereira Lima, Cel. Antônio Ildefonso Martins da Silva, Camillo de Lellis Mayrink, Manoel Joaquim de Acypreste, José Firmino Vieira de Souza, José Mariano da Costa Mól, Miguel Antônio da Silva, Alferes José Joaquim, Manoel Marianno da Costa Lanna, Antônio Vieira Rabello, Manuel Ribeiro da Costa, João Reginaldo Coelho, Altivo Dias Mendes, Francisco de Paula Fernandes Penna, Francisco de Assis Marcondes, José Emílio Starling, Sebastião Gonçalves Fontes e Antônio Pedro da Silva.
· Em 1859, procedeu-se a primeira eleição para juiz de Paz, tendo sido eleito para o cargo o cidadão Antônio Vieira Rabello, homem respeitável e de notáveis qualidades morais, que desempenhou a honrosa investidura por longos anos.
· O primeiro escrivão de Paz do distrito foi José Vicente Ferreira.
· O primeiro professor público foi Delfino Bicalho. Mais tarde foi funcionário público em Ouro Preto. Veio substitui-lo, no magistério, Francisco José de Santa Rita, professor de notável aptidão. Exerceram, depois, sucessivamente, o mesmo cargo em Bicudos os professores Joaquim Lourenço Machado, Joaquim Fiúza da Rocha e D. Francisca de Assis Marcondes.
· O professor João Baptista de Souza Telles, o benemérito educador que aqui fundou e manteve, por longos anos, um colégio particular em que os nossos jovens conterrâneos bebiam os primeiros ensinamentos de línguas e ciências rudimentares. Varias gerações passaram pelas suas aulas.
· A estrada de ferro, cujo silvo estridente acordou os ecos dos nossos vales, veio intensificar ainda mais o trabalho, em todas as suas manifestações, abrindo novas possibilidades de grandeza econômica para o lugar.